domingo, 4 de maio de 2008

A cobra não fumou

Escrevo esse post deitado na cama na manhã seguinte ao show, acabado de acordar e com as impressões mais recentes na mente.

Estava bastante animado, afinal assistir Whitesnake em Manaus e ir a pé para o show deixaria qualquer roqueiro feliz. A princípio iria sozinho, depois um amigo do Rio falou que queria ir. Na hora ele desistiu e vendeu o ingresso para um outro amigo do trabalho, o Adriano, também roqueiro e gente boa para caramba.

O ginásio não estava cheio. Como em qualquer outro evento em Manaus, você esbarra com várias pessoas conhecidas. Quando cheguei na pista foi que tive a real impressão que o povo não apareceu para ver Coverdale e companhia.

O show não esquentou, parte por culpa da banda, parte por culpa do público. O repertório trouxe muitas músicas novas. Isso para uma banda clássica é quase sempre ruim porque os fãs querem ouvir os hinos (a menos que essas novas músicas sejam do nível das clássicas). Dos clássicos coisas como Is this love, Here I go Again, Love ain't no Stranger, Fool for your loving, Crying in the rain, Victim of love, Give me all your love. Mas o público não conhecia a maioria.

Meu comentário sobre o público, sem querer ser bairrista, é que não há público como no Rio. Além de gostar muito de rock, o povo conhece as músicas e empolga, pula e canta com cada uma delas. Isso faz com que a banda cresça junto. Faltou isso. Público parado, show morno.

No final, a banda ainda tentou salvar e mandou meio que fora do script uma versão conjunta de Burn e Stormbringer, clássicos do Deep Purple da fase do Coverdale. As versões foram um pouco estranhas, demorei um pouco para reconhecer o riff inicial de Burn, mas valeu.

Ponto alto é o Senhor David Coverdale. Mesmo coroa, a voz é impressionante, vai do grave para o agudo com muita sustentação. O resto da banda é um arremedo de Whitesnake, com membros novos e membros antigos pouco expressivos.

No final a cobra não fumou, mas valeu muito. Afinal, o que poderia ser melhor num sábado à noite em Manaus?

3 comentários:

Ogro disse...

Falei que não ia ler seu post sobre o show antes de assistir aqui no Rio, mas não resisti.
Por partes:
1- O público sempre faz muita diferença. Vide o show do Pearl Jam na Apoteose no Rio. Concordo que não há público como o do Rio, mas o de São Paulo ficou tão bom quanto nos últimos 4 ou 5 anos. Pude comprovar no show do Maiden. Nunca assisti um show em Minas Gerais, mas aposto que o público de lá é bom também;
2- Pelo jeito Manaus não entra nessa lista. Não conhecer as músicas que você listou é muita falta de conexão com a banda;
3- Parece que o último número Burn/Stormbringer é o número que abria a turnê anterior. No DVD parece bom;
4- Coverdale é tão sinistro que chego a duvidar dos vocais dele nos DVDs ao vivo. Parece coisa dublada, mas não é;

Quero ver se o Coverdale supera o Glenn Hughes.

Abraço.

Cris Oliveira disse...

É uma pena que a cobra não fumou...
O público em Manaus é bem complicado mesmo, mas pelo menos ouvistes algo que gostas ; )

Luiz C. Salama disse...

Cara, minha avaliaçao do show esta igual à tua... mas acho que ainda pegou o fato de terem saturado o mercado com uns 8 shows esse ano e com preços que nego duro nao tem pra pagar.

No primeiro show dessa sequencia (Scorpions, ano passado) a casa tava lotada e a turma cantou bem...

Mas te passo uma informaçao sobre o "improviso"no fim do show (veja a foto): http://www.flickr.com/photos/dr_ocio/2470758175/in/set-72157604905233315/