domingo, 25 de maio de 2008

Belém

Estou há 3 anos e meio em terras do Norte e pouco conheço por aqui. Basicamente porque qualquer tipo de viagem pela região é complicada, requer tempo e dinheiro. E sempre que possuo os ingredientes dessa combinação, resolvo ir para a praia ou visitar o sul maravilha. Dessa vez foi um pouco diferente. Eu e a Bruna, durante esse feriadão, resolvemos conhecer Belém, tão mal falada por uns e adorada por outros.

Antes de irmos, coletei informações com a Clarice, em quem eu confio plenamente porque conheço o gosto dela e ela o meu, e a Bruna falou com alguns amigos paraenses também. Baseado nisso, montamos nosso roteiro. Engraçado que as dicas foram praticamente as mesmas. Até os lugares bem escondidos foram citados por todos.

A fama que Belém tem em Manaus é de uma cidade perigosa, violenta, infestada de ladrões. Conversei com algumas pessoas locais antes de irmos para nos certificarmos e nos sugeriram que fossemos precavidos.

E realmente, a principal coisa que fizemos por lá foi tentar não sermos assaltados. Quando sobrava tempo, a gente conhecia alguns lugares. Uns legais, outros muito legais e outros que eram perda de tempo.

Chegamos na 5a de noite, muito tarde. Pegamos um táxi, cujo motorista era muito kamikaze, e fomos direto para o hotel. Tentamos botar a cara na rua depois do check-in, mas não havia vida por perto. Voltamos para o quarto para uma boa noite de sono. Ficamos hospedados no Hotel Grão Pará. Tenho que ser sincero, no site ele parecia bem melhor. É um hotel antigo, com serviço ruim e com um café da manhã bem pobre. Sua maior vantagem é a localização, bem em frente à Praça da República.

Na 6a saímos de manhã e fomos conhecer o Theatro da Paz, na Praça da República. Bem legal. Ele é um pouco mais antigo que o Teatro Amazonas em Manaus. Eu particularmente gostei muito dele por dentro.


Depois, andando, fomos até a Basílica de Nazaré, muito visitada na época do Círio, e o parque Emílio Goeldi. O parque foi recomendado por muitos, mas foi uma das maiores decepções da viagem. Está havendo uma grande reforma, então o aquário e a casa dos répteis estão fechados. O peixe-boi morreu de velhice, não tem restaurante e pouca informação. Frustração.

Resolvemos ir andando até as Docas e almoçar por lá. O local é muito bonito, visual deslumbrante, todo conservado, seguro, às margens da Baía do Guajará.



Andamos por alguns restaurantes e só encontramos pratos caríssimos, coisa para gringo. Acabamos desistindo. Imaginávamos que poderíamos encontrar locais com boa comida e mais baratos mais tarde.

Em seguida partimos para o Mangal das Garças. Pegamos um ônibus perto das Docas e a cobradora deixou a gente na cara do gol. O Mangal das Garças é um parque em um dos cantos da cidade.


Tentamos almoçar por lá também, mas preços impraticáveis nos forçaram a comer um salgadinho mesmo. Do lado do parque fica o Mormaço, local onde rola um carimbó nervoso, mas essa semana a casa só abriria no domingo por conta do falecimento do dono. Ficou só no visual então.

Voltamos ao hotel em um ônibus que tinha um malandro muito estranho. Todos no coletivo ficaram assustados com a presença do cara. Eu realmente pensei que fosse haver um assalto e comecei a tirar objetos de valor da mochila e colocar no bolso da bermuda. Lá pelas tantas o cara desceu e foi aquele alívio. Houve inclusive reclamação de passageiros com o motorista: "Não é pra deixar vagabundo entrar no ônibus!!!"

À noite, seguindo a sugestão dos nossos guias, fomos para o Café Imaginário. Chegamos cedo. Apenas nós, o dono, uma garçom, os ratos e as baratas. Não é brincadeira. Esses últimos nos fizeram companhia por algum tempo. Lá comemos a famosa pizza de jambu. É no mínimo inusitada, devido ao efeito de adormecimento que a língua sofre ao comê-la. O preço valeu pela curiosidade, não tanto pelo sabor. Tudo isso ao som de um bom jazz (lembrem-se que agora faço parte da elite mundial e jazz é meu estilo musical preferido). Depois rolou um som ao vivo com uma bossa nova de qualidade, com um cara tocando uma strato e outro na batera. Depois ficamos sabendo que o bar sofre um assalto por mês. Felizmente o assalto de Maio não foi no dia que estávamos por lá.

No sábado, o plano era conhecer o Mercado Ver-o-Peso, a cidade antiga, o forte e outras atrações. Partimos a pé para o mercado. Andamos por tudo, tiramos fotos, tudo na maior tranqüilidade. O mercado não tem nada de mais, pelo menos para alguém que mora em Manaus e já está meio acostumado com esse tipo de local. Talvez para aqueles que não tem tanta familiaridade com as tradições nortistas, seja um local interessante.








Já saindo do Mercado e indo para o Forte do Castelo, um maluco encostou atrás de mim. Como todo bom carioca descolado, tenho visão 360 graus e sempre estou de olho em tudo nessas situações. Nunca fui assaltado, nem no Rio e nem em lugar nenhum. Às vezes sou até meio paranóico. Não seria um bandidinho desarmado de Belém que conseguiria essa façanha. Foi só o cara chegar perto que eu virei para trás para ver qual era a dele. Ele fez que estava brincando, virou rindo e saiu fora. Um carro encostou buzinando com o motorista falando que ele estava tentando mexer na minha mochila. Ficou só na tentativa. Pena que elevou o stress da viagem. E as coisas daí para frente foram tensas até o fim.

Visitamos o Forte, local com um belo visual para a Baía e para o Mercado.


Ao lado do Forte fica o Museu de Arte Sacra e na mesma praça fica a Casa das 11 Janelas, outro local recomendado por todos. A Casa hoje abriga um museu de arte moderna bem desinteressante e também mais um restaurante para gringo. O que vale mesmo é o visual e foi o local escolhido por nós para curtir o pôr do sol no final da tarde.


Mas antes do pôr do sol, fizemos uma caminhada até a Praça do Carmo, passando pela rua mais antiga de Belém.


Como nos sentimos um pouco desprotegidos na praça, passamos pouco tempo e fomos em busca de um restaurante e uma lanchonete nas redondezas. O restaurante, Taverna São Jorge, estava fechado. A lanchonete, conhecida como Portinha, também. Resolvemos voltar para o hotel para descansar e aproveitar a noite, mas antes passamos pelas Docas para um almoço.

Como não tínhamos feito nenhuma refeição decente até então, escolhemos o restaurante pela comida e não pelo preço. Comemos um delicioso filé de filhote ao molho de aspargos no buffet do Capone. Comer é modo de dizer, como era buffet, nós arrebentamos no filé de filhote.

De volta ao hotel e depois de um descanso, pegamos um táxi para a Casa das 11 Janelas para ver o pôr do sol. De lá nos mandamos para a Portinha. A Bruna comeu um salgado de pupunha com salsicha com guaraná Cerpinha. Eu, ainda com muito filé de filhote no estômago, tomei apenas um guaraná Garoto. Ainda passamos mais uma vez na Taberna São Jorge, mas ainda estava fechada. Falamos com um funcionário e ele disse que abriria em meia hora, mas a informação mais preciosa que ele nos deu foi como chegar ao Forte sem ser assaltado no caminho. Nos mostrou qual seria o menos perigoso, e assim o fizemos.

Perto do Forte existe uma Sorveteria Cairu, uma rede de sorveteria deliciosa. Tomamos um sorvete e encontramos o irmão de um amigo que havia acabado de se mudar para lá. Falamos com ele e pedimos dicas sobre um local que rola um chorinho, Casa do Gilson. Ele estava com um casal de amigos que se prontificou a nos levar lá.

No caminho, eles se perderam e passamos por uma periferia. Pudemos perceber a tensão na voz e nas atitudes deles (travaram as portas, levantaram os vidros e tiveram uma breve discussão). Chegamos são e salvos ao local. Quando entramos estava rolando um sambão. Até que não foi uma má pedida, mas não sou um grande fã de samba, ao contrário da Bruna.

Um par de senhoras nos viu com ar de perdidos lá dentro e nos chamou para ficarmos perto da mesa delas. E lá ficamos até o final do samba. Quando nos preparávamos para ir embora, elas disseram que em pouco tempo iria começar o chorinho. Dona Carmela e a Helô foram muito simpáticas e ficamos batendo papo a noite toda ao som do chorinho.

Por volta da meia-noite, pegamos uma carona com elas e ficamos no hotel. O detalhe é que quando foi pegar o carro, a Helô precisou ser escoltada para que não fosse roubada. Nos deixaram no hotel e partiram para outra farra.

No dia seguinte acordamos, fomos na feira de artesanato da Praça da República e compramos umas besteiras nas Docas como recordação. Fizemos o check out e nos mandamos de volta para o aeroporto.

Fiquei bastante decepcionado com Belém. Para quem conhece o Norte, são poucas as novidades. A questão da segurança é séria e preocupante. Pode acabar com a viagem. No fim, salvaram-se todos, mas não recomendo o passeio para ninguém. Ainda quero conhecer outras partes do Pará, mas Belém agora só de passagem.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Elite

Descobri que faço parte da elite mundial. Sou praticamente um concentrador de renda. Estou no grupo dos 1% mais ricos do mundo. É bom saber disso, meu hábitos têm que ser mudados. Vou começar a ouvir jazz, comer nos melhores restaurantes, freqüentar as festas da nata da sociedade. Inclusive estou abandonando meus esportes costumeiros passando a jogar golfe.

Veja se você faz parte da mesma turma que eu. Acesse: http://www.globalrichlist.com/

Caso não faça, não se preocupe. Continuarei a escrever para os pobres.

Foto do evento

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Boca livre

Na 3a passada fui chique. Na verdade nem tanto. Estava entre pessoas chiques. Pensando bem, estava num ambiente chique. Fui convidado para o lançamento do projeto do Manaus Plaza Shopping, um dos mais novos empreendimentos de Manaus e que é gerenciado pela minha amiga Camila.

Bom, preciso ser sincero. Não fui convidado. Pedi um convite e ela me deu. Ou seja, eu era um penetra convidado. Afinal de contas, a festa era para pessoas importantes, influentes e formadoras de opinião. Humm... deve ser isso. Com esse meu blog eu sou um tremendo formador de opinião. Balela, ela pediu, caso fosse perguntato, que não dissesse que ela havia me dado o convite. Acho que a versão de penetra convidado realmente se encaixa melhor...

Como eu provavelmente não conheceria ninguém na festa além da organizadora, levei um amigo, o Rafael, mais conhecido como Piscina. Chegamos no local e fomos tratados como pessoas importantes. Estacionaram nosso carro, nos receberam na porta, aquela cerimônia toda.

Já lá dentro, percebemos que a noite seria farta de boa comida e boa bebida. Me senti no programa do Amaury Júnior. Flashes, pessoas com roupas estranhas, opss... desculpem-me, chiques, repórteres, entrevistas. A única pessoa importante que identifiquei foi o prefeito.

A mesa das comidas só foi liberada depois do discurso das autoridades e do ótimo vídeo exibido sobre o Amazonas. O vídeo é tão bem feito que poderia ser utilizado em qualquer campanha de marketing do estado. Enquanto isso um moleque gordinho atacou os mousses da mesa de doces. O gordinho saí com um pote cheio e voltava com ele vazio, só para trocar por um outro cheio. Fiquei impressionado. Quase que ele comeu mais que eu. :-)

Mas o resumo da histório foi esse: eu e o Piscina não fechamos nenhum negócio, comemos bem, eu devorei uns 15 mousses e o Piscina deve ter enxugado uma garrafa de espumante. Fiquei feliz porque apesar de toda aqueles caboclos querendo ser ingleses presentes, a Camila conseguiu me dar bastante atenção e conversamos, como não fazíamos há tempos.

Ficaram faltando as fotos que a Camila tá me devendo. Agora é aguardar a festa de inauguração do shopping.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Um pequeno desabafo

A idéia desse blog nasceu com a necessidade de mandar notícias minhas para meus amigos e familiares no Rio, Portugal, Alemanha e em qualquer outro canto do mundo onde houvesse internet. Falava sobre minha vida, soltava idéias que vinham na minha cabeça, colocava letras de músicas e poemas que tivessem algum sentido naquele meu momento.

De uns tempos para cá, ele vem mudando um pouco. Nada mais natural para alguma coisa tão dinâmica. Comecei a escrever ensaios, fábulas, fazer críticas políticas e sociais, entre outras coisas.

É verdade que tomei gosto por escrever. Gostaria de escrever música, mas como não consigo e não tenho talento, tento deixar a criatividade fluir através dos textos. Gosto de escolher cada palavra cuidadosamente. Escrevo, corrijo, mudo, reescrevo e o texto vai se construindo.

Ultimamente tenho priorizado algumas outras coisas e não tem sobrado muito tempo para atualizar o seu conteúdo. De vez em quando sinto falta e uma necessidade muito grande de escrever. É quando arrumo tempo e tiro algumas idéias da mente.

Com a queda da freqüência de postagens, tento substituir a falta de textos meus, lendo textos dos meus amigos. Amigos estes que andam bem mais preguiçosos (ou seria sem inspiração) que eu. Quando abro os blogs deles e vejo que há novidades, é um prazer ler e comentar, mas quando percebo que não tem nada novo, acabo eu mesmo atualizando este aqui.

Hoje, por acaso, fiquei feliz porque encontrei farto conteúdo em alguns deles. Isso me deu vontade de escrever. Como não queria escrever nada muito sério, profundo ou difícil, resolvi deixar esse breve desabafo. Agora posso dormir em paz :-)

domingo, 11 de maio de 2008

Domingão

Mais um domingo daqueles. Sozinho, a preguiça toma conta de mim. Ligo para minha mãe, a saudade bateu mais forte hoje. Depois de almoçar, me deito na cama para assistir meu time na TV. Deveria ter dormido.

Cheio de afazeres doméstico: lavar a louça, abrir a roupa que está na máquina desde ontem, descer com o lixo, consertar o chuveiro, fazer compras. Afff... preguiça. Não sei por onde começar. Acho que vou jogar tênis. Quem sabe depois eu não tome coragem e dê um jeito nisso tudo.

E o pior de tudo, amanhã é segunda.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Mais uma de saudade

Já tinha passado por isso antes, a sensação é a mesma... não não, dessa vez está sendo pior. Pensei que não aconteceria de novo, mas está, e de uma maneira arrebatadora.

Uma mudança na rotina sempre faz bem, mas agora está tendo efeito inverso. Não durmo, não como, minha cabeça dói, meu estômago reclama. A cama parece que me abraça. Na verdade, ela me expulsa. Sou eu contra ela. A vontade de sair de casa desapareceu, mas é preciso continuar. É preciso sair. Receber vento fresco no rosto.

As companhias já não são tão agradáveis, as festas já não têm a graça que tinham, a música é mais triste, o céu cinza derrama suas chuvas sem parar, a guitarra na minha mão lamenta através dos sons que saem dela.

Está na hora de deixar um legado. Está na hora de parar de sentir tudo isso. Buscar um novo alicerce. Perpetuação.

domingo, 4 de maio de 2008

Stones e nós

Esqueci de comentar isso, mas na 6a retrasada, fui com a Bruna ao cinema assistir a Shine a light, documentário de Martin Scorsese sobre um show dos Stones em NY. A crítica falou bem e minha mãe já tinha me dito que tinha adorado.

Na tela, um show inteirinho dos velhinhos com algumas participações especiais (a única relevante é Buddy Guy). Repertório com clássicos e músicas menos conhecidas para os não iniciados, intercalado com cenas de arquivo de até 4 décadas atrás. Muito interessante.vPresença obrigatória para qualquer fã deles.

Pois para minha surpresa no cinema estavam apenas eu, Bruna, Keith, Mick, Ron e Charlie.Nunca tinha me acontecido isso antes. E em plena 6a feira. E com um filme mundialmente falado. Definitivamente Manaus é uma história a parte.

Futuro Sensei

http://www.judoamazonas.com.br/?n=921

A cobra não fumou

Escrevo esse post deitado na cama na manhã seguinte ao show, acabado de acordar e com as impressões mais recentes na mente.

Estava bastante animado, afinal assistir Whitesnake em Manaus e ir a pé para o show deixaria qualquer roqueiro feliz. A princípio iria sozinho, depois um amigo do Rio falou que queria ir. Na hora ele desistiu e vendeu o ingresso para um outro amigo do trabalho, o Adriano, também roqueiro e gente boa para caramba.

O ginásio não estava cheio. Como em qualquer outro evento em Manaus, você esbarra com várias pessoas conhecidas. Quando cheguei na pista foi que tive a real impressão que o povo não apareceu para ver Coverdale e companhia.

O show não esquentou, parte por culpa da banda, parte por culpa do público. O repertório trouxe muitas músicas novas. Isso para uma banda clássica é quase sempre ruim porque os fãs querem ouvir os hinos (a menos que essas novas músicas sejam do nível das clássicas). Dos clássicos coisas como Is this love, Here I go Again, Love ain't no Stranger, Fool for your loving, Crying in the rain, Victim of love, Give me all your love. Mas o público não conhecia a maioria.

Meu comentário sobre o público, sem querer ser bairrista, é que não há público como no Rio. Além de gostar muito de rock, o povo conhece as músicas e empolga, pula e canta com cada uma delas. Isso faz com que a banda cresça junto. Faltou isso. Público parado, show morno.

No final, a banda ainda tentou salvar e mandou meio que fora do script uma versão conjunta de Burn e Stormbringer, clássicos do Deep Purple da fase do Coverdale. As versões foram um pouco estranhas, demorei um pouco para reconhecer o riff inicial de Burn, mas valeu.

Ponto alto é o Senhor David Coverdale. Mesmo coroa, a voz é impressionante, vai do grave para o agudo com muita sustentação. O resto da banda é um arremedo de Whitesnake, com membros novos e membros antigos pouco expressivos.

No final a cobra não fumou, mas valeu muito. Afinal, o que poderia ser melhor num sábado à noite em Manaus?