terça-feira, 3 de julho de 2007

Parintins 2007

A idéia era aproveitar a visita dos amigos a Manaus para ir com eles até Parintins, participar da festa dos Bois Bumbás. O objetivo principal era fazer bagunça, encontrar alguns amigos de Manaus e se desse tempo ver a apresentação dos Bois.

Tudo foi estudado meticulosamente. Iríamos de barco na 5a, quando a farra já começaria, chegaríamos na 6a de manhã e depois seria só bagunça até o Domingo, dia da nossa volta de avião (afinal 2a feira seria dia de branco).

Nos dirigimos pro porto de Manaus de onde começaria nossa aventura. Seria uma experiência e tanto descer o Amazonas de barco. Pela quantidade de gente, já dá pra ter noção de como seria a coisa...

Eu e o Sig chegando no porto.


Nosso barco minutos antes de zarpar.


Aventura tem limite. Queríamos um pouco de conforto também :-) Ao invés de irmos em rede...


... decidimos alugar um camarote com banheiro e ar condicionado...


... e serviço de quarto.
Fábio e Sig apreciando uma deliciosa sopa de monstro feita com a mais pura água do Rio Amazonas.


O visual foi demais o tempo todo. Céu claro, lua cheia e sempre como pano de fundo o Rio Amazonas.



Ao contrário do que imaginávamos, a farra no barco não existiu. Acabei dormindo cedo e no dia seguinte acordei com essa paisagem:


O barco atrasou umas 4 horas por conta de uma peça quebrada ainda saindo do porto de Manaus e também porque tivemos que parar numa base da marinha onde todos desceram da embarcação (menos a gente) e foi feita a contagem de passageiros.

Chegamos em Parintins e pegamos um táxi até a casa onde ficaríamos hospedados (alugamos um quarto na casa de uma moradora). Um pouco afastado, mas íamos a pé para todos os cantos. Andamos tanto nesses dias que valeu como um bom exercício.

A cidade tem muito pouca estrutura para receber um evento desse tamanho. Falta bons restaurantes (a gente só comeu no Mc'daves), esgoto a céu aberto, falta de luz e de lixeiras nas ruas. Aliado a isso tudo ainda tinha a falta de educação do povo que jogava tudo e fazia o que precisava no meio da rua mesmo. Pra completar a confusão, por incrível que pareça, o trânsito era caótico. Era tanta moto que se a gente chegasse ao fim do festival sem ser atropelado, já seria uma grande vitória.

As festas de rua eram outro ponto negativo. Eu não sabia que existia tanta gente feia no mundo. Do lado da igreja rolava umas raves que mais pareciam a geral do Maraca em dia de jogo do Flamengo. E ainda teve um baile funk gay em plena praça no sábado de tarde. Que horror... Apesar disso tudo, não vi uma confusão.

Mas nem tudo foi derrota. Pelo contrário. O ponto altíssimo disso tudo foi o Boi. Um espetáculo muito diferente de tudo que eu já tinha visto. Dois bois, o Garantido (vermelho) e o Caprichoso (azul) disputam anualmente o título. Os desfiles acontecem no Bumbódromo e à primeira vista parece mais um desfile de escola de samba.

Existem várias áreas na arquibancada: camarotes, arquibancadas especiais e comuns. As comuns eram de graça e já ficavam ocupadas no início da tarde.

Nesse tipo de evento, as torcidas participam e são julgadas. Animação conta ponto. Há coreografias durante toda a apresentação. E uma torcida não pode se manifestar enquanto o boi adversário se apresenta. Os carros alegóricos tem que ser montados dentro da arena já que não é possível entrar com eles inteiros. Os 3 dias de apresentação contam uma história, que envolve o boi, através de várias toadas e narrações. Nenhuma apresentação é igual à outra e a música não fica se repetindo.

Nossa estratégia era esperar o 1o boi se apresentar e chegar no bumbódromo no início da apresentação do 2o boi. Dessa forma, uma torcida ia embora e nós conseguíamos lugares na arquibancada adversária. E assim foi na 6a e no sábado. Esperamos o Garantido se apresentar e entramos durante o desfile do Caprichoso (na torcida do Garantido).

A beleza do espetáculo gerou várias fotos legais:







No sábado, a empolgação foi tamanha que eu e o Sig resolvemos ir pra torcida do Caprichoso durante sua apresentação. Isso significava entrar no meio da multidão e participar da farra. As fotos falam por si próprias:

Onde está o Bruno?






Fiquei com a impressão que o festival é melhor que o carnaval na Sapucaí por causa de algumas coisas: 1o - a torcida participa ativamente, 2o - não é o mesmo enredo por 1 hora e meia, 3o - cada dia os bois têm apresentações diferentes dos dias anteriores.

No dia seguinte, acordamos e embarcamos de volta pra Manaus num vôo que saiu 30 minutos antes do previsto em plena época de apagão aéreo!!! Quase que a gente leva um "no show" (o pior era que a lista de espera estava enorme).

No final deu tudo certo. Valeu pela experiência de descer o Amazonas (com lua cheia) e conhecer o festival de Parintins. Recomendo a todos que estão por aqui que um dia participem dessa festa.

Ahhhh... já ia esquecendo. O Caprichoso foi campeão.

2 comentários:

Raphael Alves disse...

Vejo que além de bom gosto no futebol (VASCÃO), tens também excelente gosto no Boi Bumbá (CAPRICHOSO)... Heheheh... Brincadeiras à parte, é memso uma festa sensacional, não? A diversidade cultural brasileira torna cada evento dessa grandeza único e mágico...

Anônimo disse...

Gostei do relato, quase me deu vontade de ir ao evento.
Só uma coisa...
"dia de branco" por que?
O quê quer dizer essa expressão?
Se fosse "dia de preto" não precisava trabalhar?
Precisamos de uma cota lingüística para equilibar o acesso a expressões da língua portuguesa que impliquem com a etnia dos outros.