Ontem foi um dia para ser lembrado. Paguei uma dívida que tinha comigo há 13 anos. Fui a São Paulo assistir ao show do AC/DC.
Tudo começou há 2 meses atrás quando anunciaram que seriam iniciadas as vendas de ingresso. Na ocasião eu ainda estava de férias fora do país e tive que contar com a ajuda do Yuri para garantir o meu. Foram necessários apenas dois SMS's:
Yuri: "Vão começar a vender os ingressos para o show do AC/DC amanhã. Já vou comprar o meu. Você quer?"
Bruno: "Yuri, pode comprar o meu não importa o preço."
E assim foi feito. Já no primeiro dia, o Yuri encarou uma grande fila aqui no Rio (para um show em São Paulo) e garantiu meu ingresso pela bagatela de R$300,00. Os outros amigos que decidiram comprar seus ingressos no dia seguinte ficaram sem. É isso mesmo, os 65 mil ingressos se esgotaram em um dia.
Com o ingresso na mão, era hora de conseguir a passagem. Decidimos que iríamos de avião no dia do show e voltaríamos para o Rio no dia seguinte no primeiro voo da ponte-aérea. As milhas acumuladas me pouparam um gasto adicional...
Pronto. Agora estava tudo preparado. Era apenas uma questão de tempo. E o tempo passou... até que raiou o dia 27 de Novembro.
Por conta de problemas climáticos em São Paulo, decidimos ir para o aeroporto mais cedo para tentar antecipar o voo. Por isso, encontrei o Yuri pontualmente às 15:30 na Cinelândia e de lá fomos a pé para o Santos Dumont. Para nosso azar, não foi possível voar antes e tivemos que ficar "fazendo hora" e torcendo para que o voo não atrasasse.
Durante a espera, ainda conseguimos comprar ingressos para o show do Jimmy Page na Lapa, mas isso é um parênteses que não quero fazer agora. E felizmente o voo não atrasou.
No saguão do aeroporto ainda encontramos mais dois caras que estavam indo para o show e rachamos o táxi em São Paulo até o Morumbi. Foi bom que um deles era paulista e conhecia o caminho, isso evitou que os cariocas tomassem aquela volta do taxista. Apenas ressaltar o caos que era São Paulo às 19:30 numa sexta feira debaixo de muita chuva.
Quando entramos no estádio, já estava rolando o show do Nasi. O som estava muito ruim e nós estávamos mais preocupados em arrumar um bom lugar para ver a banda australiana. De qualquer maneira, foi o show curto e de covers, que não vale muitos detalhes.
Pontualmente às 21:30, começa a passar uma animação nos telões. O show estava oficialmente começando. Depois de sincronizar o vídeo com as explosões, a banda entrou atacando de "Rock 'n roll train", música do disco novo Black Ice.
Em seguida, começou o desfile de clássicos: "Hell ain't a bad place to be" e "Back in Black". "Back in Black", um dos maiores riffs do rock. A partir daquele momento, minha dívida já estava paga.
O AC/DC é uma banda que poderia facilmente fazer um show de 3 a 4 horas pelo número de clássicos que possui. Como esse show teve apenas 2 horas (que passaram voando por sinal), é de se esperar que muitas músicas tenham ficado de fora.
De qualquer maneira, fomos agraciados com "Let there be rock", "Whole Lotta Rosie", "Shoot to Thrill", "Thunderstruck" (é possível ver o setlist completo aqui). Mas os pontos altos foram: T.N.T e The Jack (com o telão exibindo imagens das mulheres no show).
Apesar da banda ser composta por 5 membros, são Angus Young e Brian Johnson que roubam toda a cena. O restante faz uma ótima base para que os dois astros desfilem seu carisma.
Quando os canhões começaram a explodir em "For those about to rock (We salute you)", estava-se anunciando o fim do show. Depois daquela descarga elétrica, seria difícil voltar ao estado normal. 65 mil pessoas em estado êxtase.
Infelizmente ainda eram 23:30 e nosso voo só partiria às 7:10 do dia seguinte. Precisaríamos matar o tempo de alguma forma. Primeiro ligamos para um amigo, que depois de 20 minutos nos ligou desistindo de nos encontrar. Enquanto andávamos em busca de um táxi, decidimos ir para o Blackmore, uma casa de rock perto do aeroporto de Congonhas.
Chegamos lá e tivemos desconto na entrada porque apresentamos o ingresso do show. 3 bandas estranhas animariam a casa, destaque para o cover bem feito de Iron Maiden e para a banda de heavy metal que fechou a noite. Figuras bizarras no palco como uma anã gótica tocando teclado e um vocalista com cara de mendigo transformista. Valeu pelas boas gargalhadas e pelo tombo do Yuri na escada que resultou num tornozelo torcido.
Às 4, já com o Yuri dormindo sobre a mesa, decidimos ir para o aeroporto. Pegamos mais um táxi e chegamos rápido.
Na nossa chegada, a cena foi a mais estranha possível. Parecia cenário de um filme de destruição mundial. Centenas de pessoas vestidas de preto jogadas pelo chão dormindo por todos os cantos. Outras dentro dos carros de luxo expostos no saguão do aeroporto. Mais uma sessão de gargalhadas. Tiramos algumas fotos (que estão na máquina do Yuri ainda...). Tivemos que esperar uma hora até fazer o check-in.
Check-in feito, fomos para a sala de embarque esperar pelo voo. Cada um se jogou sobre bancos sem braços e dormimos por uma hora. Quando acordamos, fomos brindados pela melancólica cena da manhã chuvosa em São Paulo. Era o reflexo do nosso estado naquele momento.
Chamaram nosso voo pelos alto-falantes e lá nos metemos no Boeing da Gol. Foi sentar e apagar. Acordamos já no Rio e fomos correndo para casa, para poder se recuperar para o show do Jimmy Page durante a tarde. Mas isso já é uma outra história...
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